Desvio de Septo
Dra. Simone Lemos é membro efetivo da associação brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial (ABORL-CCF) desde 2010. Dedica-se ao atendimento de crianças e adolescentes com patologias no ouvido, nariz e garganta.

Desvio de Septo

O que é, causa e sintomas do desvio de septo?

Primeiramente, temos que entender que nosso nariz é formado por ossos, cartilagem e pele. Ele é dividido simetricamente em duas metades, com uma narina de cada lado e uma parede no meio chamada septo nasal.

O septo nasal é constituído de osso e cartilagem e é revestido por uma mucosa (tipo de pele que reveste o interior das cavidades) fortemente vascularizada.

Faça um teste: se você tocar no seu nariz vai notar que na ponta ele é bastante elástico e maleável, mas na região do dorso ele é bem duro e pouco móvel. A parte maleável é composta por cartilagem enquanto a parte dura é osso.

Essa cartilagem septal fornece sustentação estrutural para o nariz, condicionando um certo grau de elasticidade e tolerância a pequenos impactos.

Na inexistência de impactos mais fortes, a cartilagem septal é basicamente reta. Por conta disso, em condições ideais, o septo deve ficar exatamente no centro da cavidade nasal, de modo que os dois lados do nariz tenham o mesmo tamanho.

Em quase 80% das pessoas o septo nasal é um tanto quanto descentralizado, embora a maioria de nós nunca tenha reparado nisso. Já em algumas pessoas, o septo é muito descentralizado. Quando o desvio para um dos lados é muito grande, dizemos que o paciente tem desvio de septo.

Normalmente o desvio de septo não provoca sintomas. Em casos mais graves, no entanto, o desvio pode resultar numa dificuldade da drenagem dos seios nasais, o que favorece o surgimento de sinusite, dificuldade de respirar pelo nariz ou sangramento nasal.

Causas do Desvio de Septo

Para causar um desvio de septo, a força do impacto necessário é inversamente proporcional à idade do paciente. Na infância e particularmente durante os anos da fase da adolescência, até mesmo traumas bem leves no nariz podem produzir microfraturas unilaterais, modificando de forma expressiva o padrão de crescimento da cartilagem septal.

O desvio pode se concretizar antes do nascimento, por alteração durante o desenvolvimento uterino ou traumas do parto. Microfraturas repetidas durante a parte final da vida intra-uterina e durante o nascimento podem causar fraqueza no lado danificado da cartilagem, resultando em crescimento anormal da mesma.

Em pacientes cujo a cartilagem septal foi danificada nesse período inicial da vida podem apresentar desvio septal grave, mesmo não havendo histórico conhecido de trauma nasal.

Sintomas do Desvio de Septo

Na grande maioria dos casos, a deformidade septal é leve e não acarreta sintomas relevantes. Muitas vezes, o paciente nem sequer sabe que tem desvio de septo.

Em pessoas com desvio de septo mais acentuado, uma das cavidades do nariz é mais larga e a outra mais estreita. Esse fato altera o padrão do fluxo de ar no nariz e frequentemente provoca obstrução à passagem de ar no lado estreitado.

Em determinados casos pode acontecer um bloqueio nas aberturas dos seios da face, acarretando quadros de sinusite de repetição.

Com a alteração do fluxo de ar dentro do nariz pode fazer com que a mucosa do septo nasal fique ressecada, favorecendo o surgimento de sangramento nasal frequente.

Os principais sintomas do desvio de septo são:

  • Obstrução frequente de uma ou ambas as narinas, principalmente durante episódios de resfriados ou rinite.
  • Sinusite frequente.
  • Sangramento nasal frequente.
  • Dor facial.
  • Respiração ruidosa durante o sono.
  • Respiração pela boca.
  • Pode acontecer de algumas pessoas terem preferência em dormir viradas para um lado específico, com o intuito de otimizar a respiração pelo nariz à noite.

Diagnóstico para Desvio de Septo

Para obter o diagnóstico do desvio de septo é necessário ser feito uma avaliação do histórico de traumas e doenças, dos sintomas e do exame da cavidade nasal, devendo ser realizados pelo médico com especialidade em otorrinolaringologia.

Tal exame da cavidade nasal é feito com luz e um espéculo nasal, que é o instrumento utilizado para manter a narina aberta durante a inspeção da superfície interna do nariz. Não é  difícil perceber o desvio de septo durante o exame.

Em alguns casos, uma microcâmera de fibra óptica é inserida no nariz para que o médico possa olhar diretamente o septo posterior.

Tratamento para Desvio de Septo

O tratamento pode ser feito pontualmente com medicamentos para aliviar os sintomas, como corticoides intra-nasais, anti-histamínicos e lavagens com soro fisiológico, em casos de pacientes com desvio leve a moderado, cujos sintomas só surgem durante quadros de infecção respiratória.

Nos casos mais graves, é mais indicado uma cirurgia para correção do desvio, chamada septoplastia.

A septoplastia é um procedimento cirúrgico realizado pelas narinas, com anestesia geral ou local. O tempo necessário para a operação é, em média, de 60 a 90 minutos, variando de acordo com a gravidade e o tipo de deformidade.

No período de duração da cirurgia, partes do septo com desvio grave podem ser removidas completamente ou podem ser reajustadas e reinseridas no nariz. Existe a possibilidade da cirurgia ser combinada com uma rinoplastia (cirurgia plástica do nariz). Geralmente, o paciente recebe alta para casa de três a quatro horas após a cirurgia.

Essa cirurgia não é realizada em crianças pequenas, a não ser que o problema seja grave, pois o crescimento e desenvolvimento facial ainda estão acontecendo e o ideal é esperar pelo menos até os 15 ou 16 anos.

O objetivo da septoplastia é melhorar os sintomas obstrutivos do paciente, principalmente a sinusite crônica. Pode ser que a rinite não melhore, ainda mais se ela for de origem alérgica. Nesses casos, além da septoplatia, pode ser que seja necessário também uma turbinectomia ou turbinoplastia (cirurgia de redução dos cornetos inferiores para tratamento da rinite).

Pós Operatório da cirurgia da Septoplastia

Caso a septoplastia for o único procedimento realizado, costuma haver pouco ou nenhum inchaço ou equimose (machas roxas) após a cirurgia. Entretanto, se uma rinoplastia também for realizada (septorrinoplastia), uma ou duas semanas de inchaço e equimoses são normais no pós-operatório.

Ao término da cirurgia é feito um tamponamento nasal, habitualmente com merocel (material semelhante a esponja que será removido em 3-5 dias) ou com placas de silicone (removidos geralmente após 10 a 15 dias).

É recomendado que o paciente respire pela boca enquanto o tamponamento nasal estiver em vigor. Também pode ocorrer que sai uma pequena quantidade de sangue e muco pelas narinas ou pela boca. Se o sangramento for constante e de grande quantidade, o médico deverá ser contactado.

Algumas outras medidas importantes no pós-operatório são:

  • Ao dormir, os pacientes devem ter a cabeça elevada durante as primeiras 24-48 horas.
  • Não toque no nariz para evitar pequenos traumas enquanto o septo cicatriza.
  • Não assoar o nariz.
  • Use camisas com botão, para que ela não precise passar pela cabeça ao despir.
  • Nos três primeiros dias, a alimentação deve ser pastosa e fria.
  • Lavagem frequente das narinas com soro fisiológico.
  • Não fazer esforço físico durante 14 dias.
  • Não viajar de avião durante o primeiro mês.

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Dra. Simone Lemos é otorrinolaringologista e dedica-se ao atendimento de crianças e adolescentes na cidade de Belo Horizonte – Minas Gerais.