A perda auditiva é a redução da audição em qualquer grau que limita a clareza da mensagem falada para interpretação e aprendizagem. Embora possa ocorrer a perda auditiva em qualquer idade, as consequências alarmantes que se deva gerar maior preocupação decorre desde o nascimento ou durante o desenvolvimento da criança, assim como ao longo da infância.
Isso acontece devido a necessidade de obter inicialmente uma audição normal, pois somente assim é possível entender a linguagem falada e reproduzi-la posteriormente. Crianças com perda auditiva articulam com dificuldades algumas habilidades, como a de se comunicar, verbal e não verbalmente, apresentam complicações no comportamento, bem-estar psicossocial restringido e nível menor de escolaridade se comparado às outras crianças com audição normal.
O momento ideal para a avaliação auditiva de um recém-nascido é nos seis primeiros meses de vida, uma vez que esse período vai ser decisivo para o seu desenvolvimento futuro. É justamente por isso que os otorrinolaringologistas e pediatras têm se empenhado na conscientização da população e, também, dos profissionais da saúde, a respeito da importância da identificação e diagnóstico precoce da deficiência auditiva, e subsequente seguimento de medidas de intervenção médica e fonoaudiológica. Essa forma de reconhecer e apontar tais alterações na audição possibilita que seja realizada a mediação ainda no “período crítico” e momento ideal de estimulação da audição e da fala.
Preferencialmente falando, a época mais segura e com mais efetividade da realização da avaliação auditiva no recém-nascido é antes da alta hospitalar, composta pela triagem auditiva neonatal (TAN). Esse importante exame possibilita que possíveis alterações auditivas sejam detectadas, permitindo precocemente o diagnóstico da perda auditiva antes do terceiro mês de vida e facilitando o processo de intervenção antes dos seis meses.
As triagens auditivas neonatais devem ser realizadas com as emissões otoacústicas evocadas (EOAE), um método simples e rápido, que pode ser aplicado durante o sono do recém-nascido sem o uso de sedação. Caso dê negativo, é necessário que seja encaminhado à uma segunda triagem, para que seja confirmado por meio do teste de Potencial Auditivo (BERA), um teste de alta sensibilidade.
Ao confirmar o diagnóstico de deficiência auditiva neurossensorial no recém-nascido, o passo seguinte é a estimulação auditiva precoce, tanto através do aparelho de amplificação sonora individual quanto do implante coclear, fundamentais para estimular a via auditiva visando não prejudicar a fala e a linguagem.
O diagnóstico precoce oferece melhores chances na linguagem receptiva e expressiva, no vocabulário, na performance da leitura e melhores habilidades nas comunicações das crianças na escola primária. A criança e a família devem ter acesso ao tratamento médico e fonoaudiológico, respeitando as necessidades e escolha dos pais ou responsáveis pelos recém-nascidos com alternativas de diferentes abordagens e estratégias disponíveis, desde que tenha uma base científica comprovada.